7.12.2012

rip

Esta pessoa morreu.
Deixou de saber andar de tanto olhar para as suas pernas e questionar os seus passos. Vegeta olhando para o tecto e pesando numa cama. Visualiza-se a espumar  a boca de raiva e a cerrar uns pulsos imaginários. Sabe que, se não se odiasse tanto e se não soubesse que, sempre, em ultima análise, a culpa é só sua - e se tivesse forças para isso (das quedas lhe dói o corpo), e se adiantasse alguma coisa (porque nunca sabe bem o que quer e hoje em especial não sabe o que é querer) - iria declarar guerra a toda a criatura que se chama de professor, e a toda a instituição que se chama de escola. Mas preferiu a morte à constante procura de aprovação. Ou, quem sabe, ser boa aluna mata.

Tudo é temporário, ela sabe. Nem a morte nos dá o descanso eterno (e só de o lembrar o corpo lhe pesa o dobro, tal o cansaço). A todas as noites se segue o dia, e já viveu o suficiente para saber que daqui a pouco entra uma brisa nova pela janela.
Entretanto ela tem pais para matar. Dentro do cérebro. Colada a uma cama.
São as dores do crescimento. Ou do parto.

Mas nota que lhe crescem as unhas.
Já que não ganha calo..