6.27.2007



E durante muitas madrugadas ela acordava assustada. Não se lembra quando começou, acredita que sempre foi assim. Ficava de vigília, mesmo cheia de sono, abarcando visualmente todo o espaço do quarto escuro desde a cama, até que visse pela frincha da janela o dia clarear. Só então permitia que o seu cansaço e sono a tomassem e se deixava adormecer. Tem medo do escuro. Tem medo de fechar os olhos. Medo de virar as costas ao espaço vazio. E então houve mais uma madrugada que a acordou, mas de um modo diferente. Para lhe dizer que nunca esteve sozinha, e que nem algum dia esteve sequer em perigo, e que o seu medo resulta de memórias muito muito antigas. Mas foi um susto necessário. E há que entender as origens, implicações & consequencias dos nossos medos - tudo ilusões, medo de crescer. E então sentiu-se tão e tão amada que não pode deixar de sorrir. E fez questão de ver nascer aquele dia. Fruindo cada segundo consciente e inteira de si. Em agradecimento a quem tanto a ama. Dormiu 2 dias seguidos. E nunca mais foi a mesma. Nunca mais teve medo. De nada.